Semeadura

 

Entre banzo

correntes

azorrague

verde-escura

a flor

plantada

na alma,

nó de cana

a garganta

moendo

o grito,

a mão

crispada

o corte

no ouro branco

dos homens.

 

Entre açúcar

e senzala

esse silêncio

prenhe

molhado

de suor e raiva

e sangue

e lágrima deserta

e sal e fel.

 

Na boca

fonte e alento

o gosto-seiva

da África

esta palavra

verde:

llu-aiêl

 

A semente

aguarda

excitada

o canto dos galos

e o Sol.

(Dionísio Esfacelado, 1984, p. 29).