Da Senzala...
 
De dentro da senzala escura e lamacenta
Aonde o infeliz
De lágrimas em fel, de ódio se alimenta
Tornando meretriz
 
A alma que ele tinha, ovante, imaculada
Alegre e sem rancor,
Porém que foi aos poucos sendo transformada
Aos vivos do estertor. . .
 
De dentro da senzala
Aonde o crime é rei, e a dor - crânios abala
Em ímpeto ferino; ­
 
Não pode sair, não,
Um homem de trabalho, um senso, uma razão. . .
e sim um assassino! 
(O Livro derradeiro. In: Poesia completa, p. 202).