Ìtan 4

Outra vez o mel

Sabe-se que Logunedé é filho de Erinlę com Òşun. Ao ver sempre Erinlę solitário e sério, Òşun sentiu-se atraída, porém ele nem sequer reparava nos atos de sedução daquela. Ela foi sentindo rejeitada e procurou se aconselhar com as amigas. As invejosas diziam: – Você tão linda, tão reluzente! Algum defeito você tem que ele não lhe quer. Você deve desistir. As mais sensatas diziam: – Homem é assim mesmo. Insista!

Ensinavam remédios, ębo, e nada a ajudava. Uma das mais velhas a chamou e ensinou-lhe um segredo que ela guardou e executou a prática. No fundo do rio tem um tipo de argila chamada Lamó. Ela a passou por todo o corpo dizendo palavras de encantamento. Depois se lambuzou com bastante mel de abelha e ficou na beira do rio se secando. Eis que chega o cavaleiro muito sério sem olhar para ela.

Ela então foi se dirigindo para a água, jogou-se nela e começou a debater-se, como se estivesse se afogando. O sol bateu no corpo d'Ela e refletiu o dourado aí Ele notou. Quando firmou a vista viu que alguém se debatia para não ser levado pelas correntezas. Ele mergulhou na água e quando chegou perto se encantou pelo dourado e pela beleza da moça. Segurou com braços fortes a suposta afogada que começou acariciar. Ele tinha caído na armadilha! Só depois de muito tempo é que aquela massa de argila a e mel, com o movimento dos corpos dentro d'água, foi-se soltando, o que assombrou o cavaleiro, pensando que Ela estava se decompondo. Ao chegar à beira do rio, muito preocupado, notou que mais uma vez caiu em uma armadilha que envolveu o mel de abelha.

(Òṣósi: o caçador de alegrias, 2011, p. 61-62).