IYÁ MI, A MÃE ANCESTRAL

Existia antigamente, uma mulher de uma idade já avançada que teve um menino e, no ato de partir, morreu indo para junto das mães ancestrais. Lá chegando, a mulher ficou muito triste pôr ter deixado o filho recém-nascido, precisando mamar. Contam muitos casos de Iyá Mi como má, mas em tudo existe o mal e o bem. Um tem cumplicidade com o outro e, ás vezes, o bem vence o mal. Foi o que aconteceu com Iyá Mi aquele dia. Ela chamou a mulher e disse: - Olha, nós aqui, quando saímos do mundo, chegamos aqui e temos de esquecer tudo. Mas como você está assim, triste com seu filho, eu vou lhe fazer virar uma coruja e você vai se assentar na cumeeira da casa que foi sua e ficar esperando. Quando não tiver ninguém no quarto, você se vira em uma mulher e amamenta seu filho. Isto acontecerá todos os dias até que ele fique forte e mais criado. Assim a mulher fez, até que o menino não quis mais pegar no peito. Todos diziam: - Engraçado, esta coruja, todo dia ela senta em cima desta casa. Parece até agoro. Mas nunca desconfiaram de que ela era uma mãe ancestral. Assim ela de foi para o orun, para o céu, para nunca mais voltar. Só em casos de grandes necessidades é que elas vêm aqui.

(Caroço de dendê: a sabedoria dos terreiros , p. 41)

Texto para download