Garganta

                             Lilian Rocha

Na garganta
um grito mudo
paciência, mulher…
cansei de paciência
de inocência
roubada
e do sorriso
estampado no rosto
como cartão de visita
quero que meu grito
ecoe
reverbere
e ressoe
em todas as mulheres
peito a peito
olho no olho
sororidade
de manas
que se reconhecem
e amanhecem
transformadas
pela vibração
de cada voz feminina
liberta, igual
salve
negra bendita.

(Menina de tranças, p. 55).


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