Dados Biográficos

Lu Ain-Zaila, Luciene como também pode ser chamada, é escritora afrofuturista/sankofista, ativista social e pedagoga, de Nova Iguaçu – Rio de Janeiro. Possui graduação em Pedagogia na UERJ, com Licenciatura em Formação de Professores para Educação Infantil a Anos Iniciais do Ensino Fundamental para crianças, jovens e adultos, e Bacharelado em Pedagogia nas Instituições e nos Movimentos Sociais.

Em suas obras a autora insere todas as suas referências afrofuturísticas, pois coloca os saberes ancestrais africanos como tema central das narrativas ou em menções sutis que os apresentam de forma clara até mesmo para leitores que nunca haviam ouvido falar sobre o tema. Assim, a autora estabelece o contato de seu leitor da diáspora africana com suas raízes do outro lado do mar.

A escritora escreve no gênero cyberfunk – subgênero da ficção científica, um exemplo do gênero pode ser visto na trilogia Matrix – trazendo cenários de desigualdade, guerras, resistência das periferias, juntamente com o clima de festa e carnaval presente nas mesmas. Em sua novela Iségun, Lu Ain-Zaila traz um cenário típico do cyberfunk onde a humanidade lida com as consequências da extrema poluição dos mares. A protagonista Zuhri é uma detetive forte que precisa entrar em contato com memórias e conexões que vão além do nosso mundo, acessando sua ancestralidade.

Em seus contos Lu também coloca a cultura africana, com o retorno dos costumes e principalmente um resgate do elo que foi perdido nas diásporas no processo de colonização. No conto “Crianças Vermelhas”, presente no livro Sankofia (2018) é possível ver como a autora coloca o encontro com a ancestralidade como chave para viver o presente e o futuro, justamente um dos fundamentos do Afrofuturismo:

Aquilo foi incrível, mas nada comparado ao que acontecia dentro de mim, minha mente estava ativa como nunca antes, não sei explicar ainda, é uma sensação muito poderosa de compreensão, de tudo ao meu redor. E percebi ali, revisitando todas as minhas memórias como arquivos em tela diante dos olhos enquanto abraçava minha mãe que o cometa nunca foi um cometa, ele era uma isca para nos encontrar, um buscador, estivéssemos na África ou nas diásporas. (AIN-ZAILA, 2018)

Sobre o seu processo de escrita a autora fala em seu site que se tornou escritora escrevendo, pesquisando sobre aquilo que queria criar, imaginando seus cenários e insistindo na escrita para se tornar cada vez melhor.

Referência

Crianças vermelhas (conto) In: Lu Ain-Zaila. Sankofia: breves histórias sobre afrofuturismo. Rio de Janeiro: Edição da Autora, 2018. Disponível em: http://ruidomanifesto.org/um-conto-de-lu-ain-zaila/.  Acesso em 10 de nov. 2020.

PUBLICAÇÕES

Obra individual – Ficção

(In)Verdades. Duologia Afro-Brasil, vol. 1. Rio de Janeiro: Edição da Autora, 2016. (romance).

(R)Evolução. Duologia Afro-Brasil, vol. 2. Rio de Janeiro: Edição da Autora, 2017. (romance).

Sankofia: breves histórias sobre afrofuturismo. Rio de Janeiro: Edição da Autora, 2018. (contos).

Ìségún. São Paulo: Monomito, 2019. (novela).

Antologias

Eparrei – Revista da Casa de Cultura da Mulher Negra, 2007. (conto, também no site Lima Coelho).

Recanto das Letras. Organização de... Rio de Janeiro: editora..., 2013. (Conto “Parece que é Amor”).

Elas e as Letras - Insubmissão Ancestral. Organização de Julie Veiga. Portugal: In-Finita Editora - @infinita.portugal, 2020, v. 3. (poema e conto).

Não ficção

Do futurismo negro ao afrofuturismo. Instituto Ibero-Americano – Fundação Património Cultural Prussiano (Berlim-Alemanha), 2019.

Through the Speculative Crossroads of the Brazilian Afrofuturism: my “afrolatina” experience between literature and activism. In: Reynaldo Anderson; Yajaira De La Espada; Dike Okoro. (Org.). Afrofuturismo: Las Caras Lindas de mi Gente Negra. 2020. No prelo.

Do futurismo negro ao afrofuturismo: uma realidade alternativa projetada para ser uma consciência universal (só 2021). In: Dra. Ricarda Musser/ Christoph Müller. (Org.). Do futurismo negro ao afrofuturismo: uma realidade alternativa projetada para ser uma consciência universal. Berlim: TFM em Frankfurt - Biblioteca Luso-Brasileira - ISSN 1432-4393, 2019.

Eu, Algoritmo. In: Gabriela Colicigno; Damaris Barradas. (Org.). Vislumbres de um Futuro Amargo (coletânea). 1ed. São Paulo: Agência Magh, 2019, v. 1, p. 99-121.

A Literatura de Mulheres Periféricas. Tpm (Revista Trip), site da revista - nacional, 18 jun. 2020.

Ficção Científica no Brasil-um caso de estudo do projeto de nação. Fantástika 451, Aberta - digital, p. 55 - 61, 05 fev. 2018. (ensaio).

Arquétipos Afrofuturistas: As Novas Geografias da Presença Afrodiaspórica por Negr@S na Ficção Especulativa. In: VI Simpósio Internacional LAVITS, 2019, Salvador. Assimetrias e (in)visibilidades: vigilância, gênero e raça, 2019. p. lavits.org.

Desvendando e Expandindo o Imaginário Social na Literatura de Ficção Científica: lendo audaciosamente além. In: Literatura negra “história e memória nas narrativas de autores negros contemporâneos”, 2018, Nova Iguaçu/RJ. V Jornada Leafro - NEAB UFRRJ. Rio de Janeiro: UFRRJ, 2017.

Afrofuturismo – o espelhamento negro que nos interessa. Rio de Janeiro: Edição da Autora, 2019 (ensaio).


FONTES DE CONSULTA

SOUZA, Waldson Gomes de. Afrofuturismo: o futuro ancestral na literatura brasileira contemporânea. 2019. 102 f., il. Dissertação (Mestrado em Literatura) - Universidade de Brasília, Brasília, 2019.

DAMASCENO, Daniela dos Santos. Gênese negra: Reelaboração da presença do negro no passado, presente e futuro em A mulher de Aleduma (1985) de Aline França. In: 2º Congresso de Pesquisadores/as negros/as do Nordeste: Epistemologias Negras e Lutas Antirracistas, 2019. Disponível em: https://www.copenenordeste2019.abpn.org.br/resources/anais/13/copenenordeste2019/1561502978_ARQUIVO_36318e67560480d9dff4113cba7a006e.pdf.

SILVA, Alexander Meireles da. Entendendo o presente pelo passado: o steampunk de a alcova da morte como resgate da tradição da ficção científica brasileira. In: Abusões, [S.L.], v. 11, n. 11, p. 1-32, 8 maio 2020. Universidade de Estado do Rio de Janeiro. http://dx.doi.org/10.12957/abusoes.2020.46469.

MIRANDA, Risla Lopes. Direito à literatura como direito humano: a literatura de ficção científica de autoria de mulheres em uma perspectiva de educação em direitos humanos. 2019. 115 f., il. Dissertação (Mestrado em Direitos Humanos e Cidadania) - Universidade de Brasília, Brasília, 2019.


LINKS

Currículo lattes de Lu Ain-Zala

Orirè – Lu Ain-Zaila

Resenha “Isegún” de Lu Ain-Zaila

Resenha de (R)evolução, de Lu Ain-Zaila

O afrofuturismo e a Sankofia de Lu Ain-Zaila

Resenha de (In)verdades de Lu Ain-Zaila

Conto Crianças vermelhas, de Lu Ain-Zaila