Negra mente
 
Nego, grato, que sou negro ingrato
Amo-me por negro ser à luz do dia
Grito nagô gravado na garganta
Gratificantemente negro sem agonia
 
X.X.X
 
Sem culpas, nem grutas, negrume ao sol
Nem grades, nem grotesco
Negros textos sejam lidos no arrebol
 
X.X.X
 
Negras, negros, sejamos qual os gregos
Agreguemo-nos, guerreiros, em massa
Castro Alves nos espera na praça
Negrifique-se e faça-se grande
Nasça nessa nossa cor, pois ela é raça.
(Cadernos negros 21, p. 22).