DADOS BIOGRÁFICOS

Elizandra Souza, nascida em 1983 na periferia de São Paulo, cresceu em  Nova Soure, pequena cidade da Bahia, terra natal de seus pais. Em 1996, retornou à capital paulista, momento em que conhece e inicia seu diálogo com a cultura hip-hop. Criadora do Mjiba, fanzine de poesia, que circulou entre 2001 e 2005, a autora começou a frequentar os Saraus da Cooperifa em 2004. Posteriormente, participou do jornal experimental Becos e Vielas com o objetivo de dar voz e visibilidade à cultura periférica. No ano de 2006, ingressou no curso de jornalismo e, a partir deste momento, recebeu convite da organização Ação Educativa para escrever a Agenda Cultural da Periferia.

Elizandra Souza deu início ao seu processo de escrita através de diários pessoais até surgir, em 2001, o Coletivo Mjiba em Ação, espaço político-cultural em que descobriu a sua identidade afro-brasileira e do qual é uma das lideranças. Mjiba também faz referência à palavra da língua Chona, do Zimbabué, e carrega como significado a ideia de jovens mulheres revolucionárias, muitas delas guerrilheiras combatentes da guerra de libertação colonial.

A poesia, para a autora, tem como ponto de partida a vontade de revelar a sua condição étnica e de gênero sem que necessite se utilizar tais palavras. Seu poema “Em legítima defesa”, impulsionou a criação do livro Águas da cabaça e aborda a violência contra a mulher e o relato de casos midiatizados. Perante toda uma herança escravocrata, Elizandra Souza entende que a mulher negra está na base da sociedade brasileira, uma vez que as discriminações de raça, gênero e classe se entrelaçam e contribuem para que o racismo seja tratado apenas como um preconceito social. Neste papel, sabe das dificuldades em publicar seus livros, em participar de antologias e ser reconhecida nos saraus em que frequenta, enquanto homens são sempre incentivados a voarem mais alto. No verso “já estou vendo nos varais os testículos dos homens que não sabem se comportar”, a poeta alerta que a sociedade pode piorar, caso o machismo não seja solucionado e ainda indaga quando as mulheres começarão a reagir frente ao patriarcalismo.

A poetisa é autora do livro Águas da Cabaça, totalmente produzido, editado e publicado por jovens mulheres negras, lançado em outubro de 2012. É também coautora do livro de poesias Punga, com Akins Kintê, (2007), e tem participação em revistas e antologias literárias como: Literatura Marginal – Ato 3, Cadernos Negros, Negrafias, entre outras.


PUBLICAÇÕES

Obra Individual

Águas da cabaça. São Paulo: Edição da Autora, 2012. (poesia).

Filha do fogo: doze contos de amor e cura. São Paulo: Mjiba, 2020.

Quem pode acalmar esse redemoinho de ser mulher preta? São Paulo: Mjiba, 2021. (poesia). 

Coautoria

Punga. Coautoria Akins Kinte. São Paulo: Edições Toró, 2007. (poesia).

Orikis: sarau das pretas. Coautoria com Débora Garcia, Jô Freitas e Taisson Ziggy. Rio de Janeiro: Malê, 2023. (poesia).

Antologias

Cadernos Negros 29. Organização de Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa. São Paulo: Quilombhoje: 2006.

Cadernos Negros 30. Organização de Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa. São Paulo: Quilombhoje: 2007.

Cadernos Negros 32. Organização de Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa. São Paulo: Quilombhoje, 2009.

Cadernos Negros 33. Organização de Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa. São Paulo: Quilombhoje, 2010.

Cadernos Negros 34. Organização de Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa. São Paulo: Quilombhoje, 2011.

Cd de Poesias Sarau da Cooperifa – poema Menina Pretinha. São Paulo: Itaú Cultural, 2006.

Cadernos Negros Três Décadas: ensaios, poemas e contos. Organização de Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa. São Paulo: Quilombhoje: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, 2008.

Sarau Elo da Corrente: Antologia, Prosa e Poesia Periférica. Organização de Michel Silva e Raquel Almeida. São Paulo: Elo da Corrente Edições, 2008.

Um Segredo no céu da Boca – Pra Nossa Molecada. Organização de Marciano Ventura Fourny. São Paulo: Ciclo Contínuo, 2008 e 2009.

Negrafias 01 e 02 – Literatura e Identidade. Organização de Marciano Ventura Fourny. São Paulo: Ciclo Contínuo, 2008 e 2009.

Hip Hop Mulher: conquistando espaços. Organização de Tiely Queen. São Paulo: Edições Toró, 2009.

Pelas Periferias do Brasil, Vol.4. Organização de Alessandro Buzo. São Paulo: Suburbano Convicto, 2010.

Pode Pá Que É Nóis Que Ta – Antologia de poesia e prosa – Projeto Literatura (é) Possível. Mesquiteiros. São Paulo: Um por Todos Todos por Um, 2011.

Pretextos de mulheres negras. Organização de Carmen Faustino e Elizandra Souza. São Paulo: Coletivo Mjiba, 2013.

{Em} Goma – Dos pés à cabeça, os quintais que sou. Vários autores. São Paulo: Cupulanas Cia de Arte Negra, 2011.

Asfalto. Vários autores. São José dos Campos: Publicações Iara, 2011.

Olhos de azeviche: contos e crônicas. Organização de Vagner Amaro. Rio de Janeiro, Malê, 2020.

Narrativas pretas: antologia poética. Organização de Débora Garcia e Elizandra Souza. São Paulo: Sarau das Pretas, 2020. 

Literatura negra feminina: poemas de sobre (vivência). Organização de Elizandra Souza e Iara Aparecida. São Paulo: Mjiba, 2021.


 

 TEXTOS

 


CRÍTICAS

 


FONTES DE CONSULTA 

CASTRO, Sílvia Regina Lorenso. Elizandra Souza: escrita periférica em diálogo transatlântico. In: Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea. Brasília, n. 49, p. 51-77,  Dez.  2016 .  Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2316-40182016000300051&lng=en&nrm=iso>

 


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