[@] Maria Esther Maciel Home Page |
|
|
APRESENTAÇÃO DO LIVRO (orelha) TABLADOS, DE LUIS ALBERTO BRANDÃO
(Rio de Janeiro: Sette Letras, 2004) Maria Esther Maciel
Quantas paisagens podem caber em uma página? Quantas
cidades, ou mundos, em um livro? Quantos leitores habitam uma folha de papel? Tablados,
de Luis Alberto Brandão, propõe em seus vinte e um textos híbridos –
narrativas mescladas de ensaio e poesia
– essas e outras questões de ordem topológica, explorando inusitadas
possibilidades de se lidar com as noções de limite, linha, superfície,
extensão, locação e deslocamento no espaço textual. Seja
como palco, onde “eus” de papel encenam sua subjetividade errante e se
aventuram em viagens vertiginosas, seja como prancha (ou tabuleiro) sobre a
qual se movimentam as peças de um jogo sempre intrigante, cada narrativa, ou
“tablado”, se constitui, fazendo do próprio leitor um personagem do livro. A
linguagem é precisa, quase matemática, e deixa-se atravessar por sonoridades
livres e imagens em movimento. Tem uma elegância mineral, porém granulada de
ritmos, espessuras e sensorialidades. Dividido
em três partes – Páginas, Livros e Leituras –, o conjunto apresenta uma
estrutura móvel, que “se cadencia, densifica-se e rarefaz-se” de acordo com o
enredo dos “contos” e com as modulações da voz do narrador. Faz do espaço um
inventário de lugares e inventa formas de ocupá-lo. Se o texto “Ruínas”, por
exemplo, traz uma “monumentalidade” a um só tempo rochosa e incerta, por
tratar do esforço humano de construção de reinos e fortalezas dentro da
página de um livro, “ Trem” – com seus períodos longos e vibrantes, seus
vagões cheios de janelas para o mundo – é pura combustão. “Círculos” e
“Espiral” já se constroem de geometrias em vertigem, enquanto “Afago” propõe
uma poética da recepção às avessas, ao flagrar o livro como um corpo vivo,
que absorve os influxos e carícias das mãos e olhares do leitor. Casas, cais,
janelas, telas, peles,
partituras, praias, países, cidades, ruas, trilhas e órbitas são outras
paisagens do livro, onde tudo acontece e se transfigura. Com Tablados, Luís Alberto Brandão – autor do premiado livro Saber
de pedra - vem consolidar-se
como um dos nomes mais criativos da literatura brasileira contemporânea. Um
escritor que tem o raro dom da surpresa.
*
|
|
TRAJETÓRIA :: LIVROS :: POEMAS :: ENSAIOS :: ENTREVISTAS :: CRÉDITOS :: LINKS :: HOME ::
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|