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UNIVERSIDADE
FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE LETRAS
PROJETO DE PESQUISA Edital
CNPq nº 50/2006 Seleção pública de
projetos de pesquisa nas áreas de Ciências Humanas, Sociais e Sociais
Aplicadas
Coordenadora:
Graciela Ravetti. (Graciela Inés Ravetti de Gómez) Professora Associada / Pesquisadora
CNPq Faculdade de Letras – Universidade
Federal de Minas gerais Participantes.
Grínor Rojo Profesor
Titular /Pesquisador. Fondo Nacional de
Desarrollo Científico y Tecnológico (FONDECYT) Facultad de Filosofía y Humanidades. Universidad
de Chile Sara
Rojo (Sara del Carmen Rojo de la Rosa) Professora Associada / Pesquisadora
CNPq Faculdade de Letras – Universidade
Federal de Minas Gerais 2.
OBJETIVO A crítica literária
latino-americana no período dos anos sessenta e setenta usou, de forma
bastante extensa, o marxismo e sua terminologia para analisar o objeto
literário. Como ficaram hoje esses termos que serviram para definir e
analisar as hoje chamadas “utopias” dos anos 70? Qual é a terminologia empregada na atualidade e qual é a
relação que estabelece com as ideologias em voga? Nosso projeto, a partir de nosso lugar de enunciação, procurará
refletir sobre essas perguntas. Como
afirma Nicolás Casullo (p. 16-17) Las generaciones de vanguardias armadas y no armadas de los años
sesenta y setenta en América Latina fueron utópicas, a condición de que
narremos esa historia política desde una reflexión cultural que hoy
recodifica y en grande parte sustituye los mundos comprensivos de aquellos
años. Fueron utópicas, si con tal denominación suplantamos un pasado en sus
referencias, definiciones, verdades y conductas, por una lectura que hoy se
constituye en el contexto de estudios culturales sobre la llamada tradición
moderna y ya no desde el léxico de la propia idea de revolución. Es decir,
ahora como lectura de la revolución como
pasado. Por lo tanto, lectura desde las antípodas de los transcursos, donde
la revolución jamás soñó pensarse. Lectura que liga en términos de biografía de textualidades aquel propósito
político de una dictadura obrera y/o campesina para implementar el fin del
capitalismo con el concepto etéreo de utopía que desde el siglo XVI en
adelante se incorpora a la literatura sobre las condiciones absurdas del
mundo histórico. Ou seja, por que
denominar “utópico” ao que foi um movimento múltiplo e diversificado, mas
cujos sentidos continuam em aberto e ainda por decifrar, ao que foi, de
acordo com os resultados sociais e políticos visíveis hoje, um projeto que
fracassou? Colocar o rótulo de utópico não pode ser visto como uma maneira
efetiva que encripta (no sentido de enterrado e esquecido) o que ainda
demanda uma resposta? Não seria essa denominação uma forma extremamente fácil
de tirar produtividade a idéias e projetos que só precisariam de
redefinições, reformulações já que os problemas a que tendiam resolver
continuam vigentes ou, ainda, agravados?
Nestes
últimos anos vemos que as transformações culturais em um espaço
transregional, apagados em parte os contornos do nacional, tornaram-se um
tópico obrigado da crítica cultural.
Nessa linha, nos interessa discutir como esse debate dialoga com a
literatura e a crítica literária na América Latina. Para isso, partindo da
teoria literária e em diálogo com a semiótica, a história, os estudos
culturais e a filosofia, pesquisaremos um conjunto de obras que nos permitam
refletir sobre a crítica literária nos dias atuais. Trata-se de analisar
determinadas experiências visando obter uma reflexão sobre um corpus
de obras latino-americanas e seus possíveis diálogos com a crítica que está
sendo realizada na contemporaneidade. Por isso, a pesquisa teórica se
fundamentará tanto nos textos teóricos quanto nas produções literárias e/ou
na observação dos processos de trabalho e os produtos resultantes. 3.
JUSTIFICATIVA A
literatura, como campo de criatividade ficcional e ao mesmo tempo como
evidência, diagnóstico e prospecção de futuro, é uma areia privilegiada para
a reflexão sobre o espaço que habitamos. Dessa maneira, pensamos que fazer um
projeto específico sobre crítica literária não reduz, senão que amplia, o
espectro a ser analisado. Acreditamos que a partir de uma análise reflexivo-topográfica
do discurso crítico latino-americano, é viável atingir a elaboração de novos
parâmetros críticos para América Latina, chaves de leitura e ferramentas de
análise que possam nos servir para a reflexão crítica e teórica da literatura
e, por extensão, da cultura. Trata-se, a partir de nosso lugar de enunciação,
de contribuir para a construção de uma crítica em diálogo com nossa produção
literária atual. Pensamos que um projeto binacional é uma forma de aprimorar
nossos trabalhos interculturais, pois possibilitará in locus o diálogo entre Chile e o Brasil (centro de nossas
pesquisas) e oferece possibilidades mais claras que pensar a região. Nessa
linha, podemos citar como produto de nossa pesquisa atual os seguintes
trabalhos produzidos nos anos de 2006-2007: De Graciela Ravetti ·
Sobre a noção de “saberes narrativos” na América
Latina: canibalismo como relato de fundação. Ensaio produzido para discussão, análise e
publicação no GT de Literatura Comparada da ANPOLL; Literatura Comparada: O
arquivo teórico latino-americano. Previsto para publicar no final de 2007. ·
Los mitos guaraníes sobre
canibalismo y su relación con El entenado de Juan José. Trabalho apresentado na Universidad Autónoma
de Barcelona no I Congreso Internacional Mitos
Prehispánicos en la Literatura
Latinoamericana a
ser publicado nos anais do mesmo no 2007. Este mesmo trabalho foi apresentado em português
na UFMG no seminário de pesquisas promovido pela Faculdade de Letras,
SEVFALE, e será publicado nos anais
do mesmo em 2007. ·
Posfácio do livro
organizado pelo Prof. Dr. Marcos Alexandre: Representações performáticas brasileiras: teorias, práticas e suas
interfaces. Este projeto conta
com o financiamento da FAPEMIG e será publicado em 2007. ·
Juan José Saer: La grande. Comunidade,
memória e história. Trabalho
apresentado em BH no Seminário “Topografias da cultura: espaço representação
e memória”, evento realizado no marco do convênio entre a UFMG e a Università degli Studi di Bologna em
2006. Os pesquisadores deste convênio
estão preparando um livro, produto da pesquisa conjunta. Previsto para
publicação no segundo semestre de 2007. ·
Tradição em metamorfose. Notações sobre zonas
interculturais no ciclo latino-americano. Capítulo de livro, organizado pela pesquisadora Olgária Matos e por
Reinaldo Marques, a ser publicado no primeiro semestre de 2007. Trabalho
apresentado no Colóquio Passagens da Modernidade – Centenário Cyro dos
Anjos, organizado pelo Centro
de Estudos Literários (CEL) da Faculdade de Letras da UFMG, em 2006. ·
Representar a dor, pensar a morte: sacrifícios. Prefácio ao
livro de Alexandre, Marcos, Maria
Lúcia Jacob Dias de Barros,
e Sara Rojo Antologia teatral da
latinidade: César Brie, Juan Radrigán, Ramón Griffero e Michel Azama. Belo
Horizonte: UFMG-FALE, 2007. ·
Juan José Saer:
Saberes del presente. Trabalho apresentado no IV Congresso de
hispanistas no UERJ, RJ, que será publicado nos anais do mesmo no 2007. ·
Juan José Saer:
saberes narrativos, críticos y poéticos. Capítulo de livro a ser
publicado em 2007, em Mar del Plata, Argentina, organizado por Mónica Bueno,
de la Universidad de Mar del Plata: La
novela argentina contemporánea. Vanguardia, experimentación en el uso
nacional del género. ·
Para
pensar la literatura latinoamericana desde una noción no-esencialista de
comunidad. Resenha. ROSMAN, Silvia. Being in Common. Nation, Subject and
Community in Latin American Literatura And Culture. Lewisburg, Buchnell University Press.
London: Associated University Presses. 2007. ·
Escribir la pasión: El fiscal,
de Augusto Roa Bastos. Revista
Caligrama, ensaio publicado, Belo Horizonte: FALE/UFMG: 2006. ·
Saberes performáticos nas ficções de Haroldo Conti.
Revista
Gragoatá, 2007. Submetido para pubblicación. ·
Narrativa de mujeres y
performance. Revista Artemis,
2007. ·
Comissão Editorial
organizadora da Revista Aletria.
Linha de pesquisa: Literatura e xpressões de alteridade. FALE/UFMG, 2007. ·
Traoré, de Juan José Saer. Os Griots e os buracos negros. Sobre os saberes
científicos e pragmáticos na narrativa literária contemporânea. Trabalho
aceito para apresentação no IASA 3rd World Congress, a realizar-se em Lisboa
de 20 a 23 Setembro de 2007. Painel literaturas, povos e culturas
ibero-afro-americanas. ·
El español en Brasil: desafíos
para contribuir a las nuevas comunidades en formación. Trabalho a apresentar,
como convidada, no IV Congreso internacional de la lengua española, a
realizar-se em Cartagena de Indias, Colômbia, de 26 a 29 março de 2007. De Grínor Rojo Livro. ·
Globalización e identidades
nacionales y postnacionales … ¿de qué estamos hablando?. Santiago de Chile:
Lom Editores, 2006. Artigos: ·
“De la crítica y el ensayo”. Taller de Letras, 38, 2006, 47-54. ·
“Las armas de las letras o del poder de la poesía (más una cosa sobre los
desafíos actuales a/de la poesía chilena)”. Armas y Letras, 56, 2007, 31-37. ·
“Prólogo” a Rodrigo
Lira. Declaración jurada. Santiago de Chile.
Ediciones Universidad Diego Portales, 2006, pp. 9-18. ·
“Mistral y la vanguardia”. (co-autor com Paula Miranda). No volume.
Bibliografía y antología crítica de las vanguardias literarias. Chile. Madri. Vervuert Iberoamericana (Artigo aceito) ·
“Las raíces filosóficas del pensamiento de Bello”. No volume Bello y los estudios latinoamericanos.
Pittsburgh. Instituto Internacional de Literatura Iberoamericana (Artigo
aceito) ·
“Edwards multiplicado por Edwards”.
Atenea. (Artigo aceito) ·
“Angel Rama, Antonio Candido y los conceptos de sistema y tradición en la
teoría crítica latinoamericana moderna”.
Discursos/ Prácticas. Revista de
Literatura Latinoamericana. (Artigo
aceito) Apresentações individuais: ·
Universidad Austral de Chile- “De las humanidades en Chile”, 2006. ·
Universidad de Chile “Las armas de las letras o del poder de la poesía” Apresentações
em simpósios, congressos:
De Sara Rojo Livros ·
Mencarelli, Fernando
e Sara Rojo (org).. Cia acômica na sala
dos espelhos. Belo Horizonte:
Lutador, 2007. (Neste livro além da organização realizei o estudo “O
Lusco-Fusco: processo e texto”).
Artigos
·
Comissão Editorial
organizadora da Revista Aletria.
Linha de pesquisa: Literatura e expressões de alteridade. FALE/UFMG, 2007. 4.
EXPLICITAÇÃO DA PROPOSTA Para atingir os objetivos
deste projeto, pesquisaremos, à luz de referenciais práticos e teóricos, um
corpus composto por textos, produzidos entre 1990 e 2006 no Chile, na
Argentina e no Brasil, que nos permitam entender algumas linhas da produção
crítica e literária na América Latina em relação com vetores críticos
identificáveis na Europa e nos Estados Unidos. Acreditamos que esse enfoque permitirá estabelecer alguns
princípios ideológicos e/ou estéticos e certas chaves de leitura crítica que
dialoguem com o momento histórico que vive a criação e a teoria literárias na
América Latina. Esse é o elo entre as produções a serem analisadas. Desdobramentos 1. De Graciela Ravetti: Propomos a reflexão sobre os saberes críticos
desenvolvidos pelo escritor argentino Juan José Saer (1937-2005) disseminados
na sua obra de ficção e nos seus textos de crítica literária e cultural, com
ênfase no pensamento entre épocas _ anos 60-70 e 90 até 2005. Pretendemos
deslindar certos conceitos por ele trabalhados não só nos textos, mas também
em seus paratextos _ as entrevistas, conferências e manifestações orais _, e
pensar na relevância desse material para o “sistema” literário
latino-americano contemporâneo, especialmente o da Argentina pós Borges, com
base em um pressuposto básico: Saer estabelece um conjunto solidário de
sentidos e procedimentos entre sua literatura e a de seus predecessores, e
com isso contribui, de maneira significativa, para a manifestação de uma
"tradição" literária argentina, e, por extensão, latino-americana. Pensar tradições locais, comunitárias ou nacionais,
está sempre nos obrigando a deparar-nos com um nó: o individual da criação,
da memória e da sensação-percepção — de fato as características tradicionais
próprias do que se convencionou denominar sujeito
— em relação aporética com o coletivo do geral, a tensão entre o particular e
o cultural geral, entre a obra e o artista singular, e entre este e a
tradição que o inscreve em seu código, o ignora ou o rejeita, operações
todas, no entanto, de algum tipo de inclusão. Se é evidente que, de qualquer
perspectiva da que se observe, permanecer no tempo e no espaço é
transformar-se, o problema que se coloca é pensar como e por que um objeto
cultural, apesar de não poder ser já mais ele mesmo, pode permanecer como
baliza de uma identidade e componente de uma tradição, seja qual for a
valorização de que é objeto. Embora a
valorização positiva não seja um quesito obrigatório, o reconhecimento — no
sentido de constatação de objeto observável— é indispensável para passar a
fazer parte de uma tradição. Disso, precisamente, se trata: de uma obra, um
estilo, uma linguagem, um autor, serem contemplados como partes integrantes
de um sistema cultural, seja oferecendo modelos a serem reconhecidos, seja sendo lidos como epígonos ou continuadores. É possível ser outro — modificado pelo passar do
tempo — e continuar a ser pensado como referência permanente? Em suma,
tradição é equivalente a continuidade? Uma implica a outra? Já que o fato de
que certos produtos culturais sejam reconhecidos como tradição implica
sucessão temporal com algum tipo de fio progressivo, como pensar essa
identidade marcada pelo movimento e a
distância, tanto temporal quanto espacial?
Faremos uma leitura dos textos de Saer à luz das grandes
questões abertas na tradição cultural da América Latina nos séculos XIX, XX e
a primeira década do XXI. Os temas prioritários do trabalho serão: o
estabelecimento de certas características que fazem os gêneros literários nos
quais formula suas ficções, como práxis consciente e trabalhosa, como
categorias formais utilizadas e reinventadas na tarefa de articular a escrita
própria com a de alguns de seus predecessores, especialmente no propósito de
carregar a herança borgiana de fusionar ensaio e ficção, história e
autobiografia, estabelecendo com isso laços com um modo de escrita iniciado
já no século XIX, com nomes paradigmáticos como Sarmiento, Hernández,
Echeverría, Groussac e Alberdi, dentre outros; a estética da negatividade
levada até profundas conseqüências como forma de responder aos dilemas
colocados pela pergunta: como escrever literatura, sendo latino-americano,
sem cair nas armadilhas da cor local, o regionalismo pitoresco e
particularista, e, ainda, sem renunciar à densidade cultural da própria
história; a questão da memória e da experiência, que oscila entre a lembrança
histórica do legado colonial e as atrocidades do período da ditadura,
associados esses assuntos à questão das mal chamadas “utopias” dos anos 60 e
70 e ao trauma decorrente dessas experiências, trauma que age como força
desagregadora da idéia de comunidade do presente no qual escreveu Saer; o
canibalismo, que convoca um passado remoto, mas que pode ser lido como uma
metáfora de resposta às questões colocadas pela sobrevivência social e
cultural de comunidades periféricas como a argentina, de forma muito
diferente a como foi colocado por movimentos como a Antropofagia, pelo
modernismo brasileiro, por exemplo; as relações com o gênero policial,
acrescentando “um ponto” a uma forma já estabelecida de escrita na tradição
latino-americana (Arlt, Walsh, Borges, Piglia, Bolaños), intimamente ligada à
crítica sócio-cultural. Esses e outros temas serão pesquisados, colocando os
textos de Saer como ponto de partida de um trabalho que permite acompanhar o
campo semântico que solicita outras leituras do campo cultural
latino-americano, fora do imaginário urbano hegemônico da literatura do
século XX. Interfases com a
literatura e a cultura brasileira serão feitas ao longo de toda a pesquisa. Fundamental
será, também, colocar em evidência as interrelações entre sua obra e a
literatura latino-americana que lhe é contemporânea. Saer, leitor de Carlos
Drummond de Andrade e de João Guimarães Rosa, foi responsável por uma coluna
no caderno Mais! da Folha de São Paulo desde 2002 até sua
morte, o que evidencia o interesse por seu pensamento e qualidades artísticas
no Brasil. Esperamos contribuir com os estudos
latino-americanos sobre literatura e cultura, encontrar e desenvolver noções
teóricas que sirvam de chave para novas e originais interpretações de nossa
região _ o Cone Sul. Especificamente nesta proposta trata-se
de:
2. De Grínor Rojo: Roberto Bolaño ou o romancista como crítico Interessa-nos neste projeto o trabalho de Roberto
Bolaño (Chile: 1953 Espanha: 2003) um dos grandes romancistas
latino-americanos das últimas décadas, na sua qualidade de comentarista e
crítico da literatura. Bolaño foi, como todos os freqüentadores de suas obras
sabem, um animal literário: leitor voraz, de preferências definidas muitas
vezes radicais, terminou fazendo da literatura dos outros, o material
favorito da própria. Ë suficiente pensar num livro como La literatura nazi em América (1996), em muitos sentidos uma
re-escrita da Historia universal da
infamia de Borges ou em Los
detectives salvajes (1998), que eu mesmo interpretei como um acerto de
contas alegórico com as vanguardas e a partir de aí com tudo o que as
vanguardas significaram como fundação de uma estética e um projeto vital que
dominou uma grande parte da sensibilidade do século XX na América Latina. Ou
em Nocturno de Chile (2000), um
romance no qual a personagem principal é um crítico literário, máscara
translúcida do mais influenciador entre todos os que, com um desenvolvido
espírito de colaboração, realizaram este ofício no Chile durante os anos da
ditadura militar. Inclusive na sua obra póstuma, 2666 (2005), Bolaño faz que uma parte de suas personagens sejam
profissionais da literatura. Coloca-se, assim, a suspeita, que não pode menos
que se corporizar, de que para o autor de todas essas peças magistrais a
experiência por antonomásia não é a experiência da vida, porém, como diria
Alfonso Reyes, “a experiência literária”. Não é estranho, então, que ele
escrevesse, na sua “Literatura e exílio”, que “Para o escritor de verdade sua
única pátria é sua biblioteca”. Mas também Bolaño foi um crítico direto, para
dizê-lo de alguma maneira. As páginas de Entre
parêntesis (2005) estão aí para demonstrá-lo. Escritas entre 1998 e 2003,
recolhem discursos, intervenções, entrevistas e notas críticas publicadas na
Europa e na América e que falam de Neruda e Borges com a mesma fluência com
que se referem a Jonathan Swift ou aos trovadores provençais. Bolaño dialoga
com seus pares, os elogia e briga com eles, sempre atento e nunca neutral,
nós fazendo sentir uma vez mais que o que está em jogo nesses diálogos e, nem
mais nem menos, que sua própria vida. Com certeza, o escritor como crítico é uma figura
da modernidade. Bolaño não o inventa: De Cervantes a Flaubert e a Borges, o
desdobramento do criador em uma pessoa capaz de ler os colegas e de ler-se também
a si mesmo tem-se repetido com uma continuidade que supõe não só uma
determinada tradição, mas também um rasgo essencial e inerente da escrita
moderna. Não se trata só de aquelas obras nas que as personagens são
literatos da maneira do Retrato del artista
adolescente de Joyce ou outras semelhantes, o que sem dúvida constitui
uma classe ou um gênero de criações por si só. Na verdade não somos poucos os
que pensamos que toda obra literária leva inscrita dentro de si sua própria
crítica, explícita ou implicitamente. E isso, mesmo que essa crítica não seja
(muito longe disso) a palavra final sobre sua significação. Pela lucidez de seu trabalho nesse sentido, pela
re-formulação canônica que esse trabalho envolve (na literatura chilena
unicamente, uma re-formulação canônica da etapa histórica pós Neruda e pós
Parra, aceitando só, e incluso apenas pela metade, o magistério de Enrique
Linh e a companhia de Gonzalo Millán) a mudança de sensibilidade, pós 68 e
pós 73, como anunciado na premissa anterior, e pela grande influência que seu
trabalho tem alcançado nas novas generações de escritores de América latina,
acreditamos que uma abordagem em sério de “Bolaño ou o romancista como
crítico” é hoje tanto pertinente quanto necessário.
Objetivos específicos:
3. De Sara Rojo: Crítica teatral O enfoque será refletir
sobre as possibilidades que oferece um estudo semiótico que dialoga com a
história, a ideologia, a estética das práticas teatrais dos projetos e
produtos artísticos resultantes in
locus. Sabemos que além do texto dramático, na produção de um espetáculo
intervém uma série de outros textos como, por exemplo, as “partituras”
criadas na montagem. Pavis diz em relação ao conceito de partitura: La
sotto-partitura, in effeti, non è semplicemente una struttura controllata
dall’individuo che ricerca, ma è una “partitura fatta di norme culturali e di
modelli di condotta del performer” (...) Schema direttivo cinestesico ed
emozionale, articolato sui punti di riferimento e di appoggio dell’attore e
creato e figurato da questi, con l’aiuto del regista, ma che può manifestarsi
solo attraverso lo spirito e il corpo dello spettatore.[1] Por essa razão, o campo a ser pesquisado deve
incorporar os textos dramáticos, os projetos
espetaculares e as montagens. Por exemplo, em peças como Cinema
Utoppia (1985) do chileno Ramón Griffero é interessante analisar o
caráter pluri-lingüístico das formas cênicas que se abrem a diversos códigos
de maneira não hierárquica para falar, por exemplo, da perda dos espaços
comunitários dentro de um corpo social fragmentado até mesmo
territorialmente. Portanto, pode ser que a relação com a ideologia ou a
estética seja estabelecida nesse patamar e não no texto escrito. Partindo do
princípio de que cada sistema teórico possui ideologias, imagens constituintes
de uma visão cultural que orienta a sua produção artística e leituras
realizadas dentro desse sistema, a estética da escrita e do palco de peças
como Cinema Utoppía possibilita
realizar uma pesquisa sobre as novas formas cênicas e produzir uma crítica da
construção de imagens de um texto, na qual todas as linguagens – da
iluminação, do som, da plástica dos corpos – constroem partituras. Trata-se, então, de caminhar para a realização de uma crítica que
analise as produções artísticas em um dialogo não determinista com nossa
história, mesmo porque o resultado pode ser até contraditório com os
postulados teóricos ou ideológicos que a sustentam. Por exemplo, por um lado,
ideologicamente, a arte anarquista no Brasil se
postulava como o “veículo certo para projetar a imagem de uma sociedade
ideal cuja característica básica é a harmonia coletiva,
subsistindo através da absoluta liberdade individual”[2]
e , por outro, segundo Luzia Faccio,
a realização concreta do teatro anarquista foi panfletária. De fato, segundo ela, o teatro anarquista
se voltaria contra si mesmo pela “persistência da arte libertária em divulgar
a ideologia do movimento”.[3]
Por sua vez, assumiremos a história no seu duplo sentido: “conjunto de acontecimientos de la
sociedad y conjunto de enfoques sobre estos”.[4]
Isso facilita uma abordagem de contradições como a assinalada. Acreditamos que para um estudo como o anteriormente
descrito é necessário o estabelecimento de uma negociação entre os postulados
da história e da Arte, e essa negociação potencializará um olhar diferente
sobre as práticas existentes porque, como afirma Raymond Aron, “no existe una realidad histórica,
totalmente hecha antes de la ciencia, que convenga reproducir simplemente con
fidelidad. La realidad histórica,
porque es humana, es equívoca e inagotable.”[5] Se aceitarmos essa tese, a validez de nossa crítica
em contraponto da representação na história e na Arte adquire outra
dimensão. Nossa leitura é que a Arte,
especialmente aquela que tem um caráter performático, no senso de resgate de
um sentido perdido,[6]
constrói e é construída pelos imaginários sociais e dessa maneira perfura as
fronteiras entre a mesma e o pensamento histórico. Podemos dizer que os
discursos resultantes da experiência vivida são construídos tanto pelo fato
histórico quanto pela Arte. Esta descoberta permite debater sobre a fronteira
entre os fatos, as representações da história e da ficção e, partir daí, a
relação entre a teoria e a prática. Por outra parte, essa perspectiva de trabalho
traz ao primeiro plano da reflexão o papel dos intelectuais e artistas nos
processos sociais, questão bastante relevante no debate atual.[7] Os latino-americanos somos um construto das
diversas culturas que nos conformam; portanto, nossas produções nascem na
tensão permanente entre as mesmas. Podemos dizer que enunciadores e
enunciados (sujeitos e objetos) carregam o conflito e o consenso. Por exemplo, performances genéricas ou
sociais, geradas por corpos reprimidos, procuram re-definir seu espaço no ato
enunciativo, e transformam, assim, esse novo referencial numa estética
afirmativa. Uma crítica, entendida nesse jogo de trocas e permutas, não pode
surgir só dos parâmetros ocidentais. O cânone de autores como Harold Bloom
não pode ser nosso referencial como críticos latino-americanos. Nossa crítica nasce nas trocas violentas
ou dialógicas que constroem nossa cultura e podemos fazer disso uma
ferramenta a nosso favor. Especificamente, a proposta de pesquisa trata-se
de:
5.
METODOLOGIA A presente
proposta de associar, aproximar e comparar obras literárias de escritores
oriundos de contextos e culturas diferentes (Brasil, Argentina e Chile)
vincula-se nitidamente ao campo da Literatura Comparada e ao da Teoria e
Crítica da Literatura, demandando _ pelas interfaces que mantém com outros
campos do saber, como a filosofia e a história _ um procedimento metodológico
de carater comparatista e multidisciplinar. Dessa forma, o trabalho aqui proposto e
a discussão da problemática da crítica literária e cultural contemporânea
será realizado segundo os seguintes procedimentos de investigação:
Apoios teóricos: a)
Trabalhos de
filósofos contemporâneos como Giorgio Agamben, Paolo Virno, Jean-Luc Nancy,
Paul Ricoeur e Hannah Arendt. b)
Trabalhos de
pensadores como Horacio González e Nicolás Casullo, de Argentina, e
desenvolvimentos realizados no Brasil e na América Latina sobre literatura,
política e cultura. c)
Os estudos culturais
surgidos especialmente na ou sobre a América Latina nos Estados Unidos e na
Europa. Por exemplo, as teses de Walter Mignolo sobre lugar de enunciação ou
as teorizações sobre teatro e performancede Diana Taylor. d)
Os estudos históricos
realizados, especialmente na América Latina, por exemplo, de Sérgio Grez e
Gabriel Salazar. e)
A teorização
realizada na América Latina, na Europa e nos Estados Unidos em relação à
semiótica teatral teatro nos últimos anos. Por exemplo, os estudos de Marco De Marinis e Patrice Pavis. 6.
RELEVÂNCIA DA
PESQUISA – CARACTERIZAÇÃO A literatura está mudando em várias direções. A
partir dessa afirmação, nossa proposta é analisar as mudanças que aconteceram
e estão acontecendo na literatura e tentar refletir sobre quais seriam os
parâmetros críticos que poderiam acompanhar essas mudanças na América Latina. Como pensar fora dos fortes conceitos de
identidade, informados pelas disciplinas matemáticas, biológicas ou
filosóficas? E fora dos enquadramentos do olhar construídos ao longo dos séculos
por narrativas que se fundaram na certeza do conhecimento essencial?
Poderíamos torcer um pouco o raciocínio e pensar a tradição como um sistema
composto pelo conjunto das relações que se estabelecem entre as coisas. Tais
relações, apesar das transformações no tempo e no espaço dos objetos que
interligam e das metamorfoses sofridas pelas próprias concepções de Tempo e
Espaço, permanecem vivas, independentemente dos pontos dessa rede relacional
que funciona de forma diacrônica, embora faça sentir seus efeitos sempre no
presente. Tal sistema, fantasmático, vivido
pela cultura como tradição, seria um construto cuja potência formalizadora
está sendo sempre atualizada pelo grupo que detém a hegemonia de uma região
ou de uma nação? Reconhece-se como tradição porque opera com uma certa
regularidade e com vetores de orientação; como limite, como contêiner e com
efeito modelizador? E, claro, por pouco que sobre ela reflitamos, teremos que
aceitar sua qualidade de plural. Não uma e sim múltiplas tradições, conformando
uma cultura, no singular, cuja existência só se deixa apreciar pelos efeitos
que provoca e pela iminência de concretizações que podem ser previstas,
teorizadas e criticadas a posteriori. Assumir
seu caráter plural e inacabado nos obriga a aceitar outras tradições, em constante devir e emergência, produto das leituras
e dos discursos de sujeitos que começam a fazer ouvir suas vozes, antes
ocultas, silenciadas ou ignoradas. Ou, então, o vir à tona de formas
renovadas de compromisso artístico. A
possibilidade de dar esse passo é, por enquanto, um pressuposto sem
comprovação. Por
outra parte, o diálogo entre a crítica produzida no Brasil e a produzida nos
países Hispano-americanos é insuficiente, precisamos fortalecer o trabalho e
a reflexão conjunta. Acreditamos que não é possível continuar respondendo às
agendas criadas nos Estados Unidos ou na Europa, mas para que isso seja
possível pensamos estar contribuíndo, com este projeto, a dar um passo nessa
linha. 7.
PRODUTOS DA
PESQUISA A pesquisa terá como produtos principais:
8.
CRONOGRAMA
DETALHADO A pesquisa será
desenvolvida em 04 fases: 1ª. Decisão sobre o corpus específico a ser
analisado, tanto de apoio teórico quanto de produtos artísticos. 2ª. Produção
das primeiras reflexões e dos textos iniciais para serem discutidos pelo
grupo e apresentados em eventos científicos locais, regionais, nacionais e
internacionais. 3ª. Produção de material conjunto. 4ª. Preparação específica
para publicação, tanto em médio impresso quanto digital. 2007 Agosto a dezembro
2008 Janeiro a Julho
·
reflexão e escrita
sobre a seguinte fase da pesquisa. ·
estudo bibliográfico dos parâmetros teórico-metodológicos a serem
utilizados neste projeto. ·
reflexão e escrita de elaborações parciais para divulgação. ·
trabalho permanente de orientação com os orientandos de pós-graduação
e com os de Iniciação Científica. ·
realização de um curso na pós-graduação e outro na graduação, no qual
possam ser discutidos os conteúdos deste projeto. ·
atualização
permanente da página Web. ·
reunião e discussão
dos trabalhos realizados pelos participantes discentes, tanto para a
publicação em livro como para a difusão na página Web. ·
apresentações dos
trabalhos em eventos regionais, nacionais ou internacionais. ·
Intercâmbio de
estudantes. 2008 Agosto a
dezembro
·
reflexão e escrita
sobre a seguinte fase da pesquisa . ·
trabalho permanente de orientação com os orientandos de pós-graduação
e com os de Iniciação Científica. ·
alimentação da página Web particular. ·
realização de dois cursos na graduação, nos quais possam ser
discutidos os conteúdos deste projeto. ·
atualização
permanente da página Web. ·
reunião e discussão
dos trabalhos realizados pelos participantes discentes, tanto para a
publicação em livro como para a difusão na página Web. ·
reuniões periódicas
com colegas. ·
publicação dos
resultados em forma de livro e em periódicos especializados. ·
apresentações dos
trabalhos em eventos regionais, nacionais ou internacionais. ·
Intercâmbio de
estudantes. 2009 Janeiro a Julho ·
reflexão e escrita
sobre a última fase da pesquisa.
Produção de uma crítica que dialogue com a teoria, a história e os
produtos artísticos concretos. ·
elaborações parciais para divulgação. ·
trabalho permanente de orientação com os orientandos de pós-graduação
e com os de Iniciação Científica. ·
realização de um curso na pós-graduação e outro na graduação, no qual
possam ser discutidos os conteúdos deste projeto. ·
atualização
permanente da página Web. ·
reunião e discussão
dos trabalhos realizados pelos participantes discentes, tanto para a
publicação em livro quanto para a difusão na página Web. ·
reuniões permanentes
com colegas. ·
apresentações dos
trabalhos em eventos regionais, nacionais ou internacionais. ·
Intercâmbio de
estudantes. 9.
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AGOSTO A DEZEMBRO
a)
Início do
levantamento de obras literárias e de bibliografia suplementar. Leitura ou
releitura da bibliografia teórica e do corpus
inicial do projeto. b)
Intercâmbio de
estudantes nos diversos níveis. Esses intercâmbios dependem de outras
instâncias de financiamento: programa de intercâmbio da UFMG, contribuição da
Universidad de Chile e outros. c)
Pesquisa conjunta via
internet para sincronizar o andamento das pesquisas. d)
Elaboração de um
artigo de cada pesquisador sobre pesquisa até então realizada. Os trabalhos
produzidos serão comentados pelo grupo. 2008 JANEIRO A
JULHO a)
Viagem de pesquisador
chileno a Brasil, em missão de trabalho, com duração de 7 dias. Essa viagem
incluirá um evento aberto à comunidade universitária e compra de material
bibliográfico. b) Intercâmbio
de estudantes nos diversos níveis. c) Pesquisa conjunta via internet. d) Publicação do trabalho conjunto produzido até o momento. AGOSTO
A DEZEMBRO
a) Viagem de dois pesquisadores brasileiros para o Chile, em missão de trabalho, com duração de 7 dias. b) Pesquisa conjunta via internet. c)
Intercâmbio de
estudantes nos diversos níveis. d)
Apresentação da
pesquisa realizada. Produção de um segundo artigo de cada pesquisador, sendo
que o conjunto do grupo terá ampla intervenção em todas as produções,
tendendo à consolidação da pesquisa em um livro conjunto. JANEIRO A JULHO DE
2009
a) Articulação da pesquisa conjunta via internet para publicação b) Intercâmbio de estudantes nos
diversos níveis. c) Preparação do livro con os
resultados finais. 10.ORÇAMENTO
AGOSTO A DEZEMBRO DE 2007
JANEIRO A JULHO DE 2008
AGOSTO A DEZEMBRO DE 2009
TOTAL: 20.000 |
|
|
|
|
[1] PAVIS, in DE MARINIS, 1998, p. 86-87.
[2] ARNONI,
1986, p. 167.
[3] FACCIO, 1992, p. 124.
[4] RICCEUR,. 2000,
p. 399.
[5] ARON apud
RICCEUR, 2000, p. 435.
[6] SCHECHNER, 1999.
[7] Silvano Santiago aponta que “A política e a cultura
rebelde de cada dia cujo perfume privado exala no espaço público. Ela não é
mais manifestação coesa e coletiva de afronta ideológico- partidária” .
SANTIAGO, 2004, p.138.