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ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM DE VOCABULÁRIO EM ESPANHOL Luciana Maria da Silva COSTA (Universidade Estadual de
Londrina) Elzimar Goettenauer de Marins COSTA (Universidade Estadual
de Londrina) O processo de conhecimento de uma
palavra é muito complexo e demanda tempo e muito interesse daquele que está
buscando esse saber. Quando esse conhecimento envolve uma língua estrangeira
pode-se afirmar que a dificuldade é maior uma vez que se está lidando com
elementos estranhos a própria cultura e também ao cotidiano. Ao se deparar
com um texto ou mesmo com um conjunto de palavras específicas, esse falante
terá que desenvolver estratégias próprias de assimilação e possível
aprendizagem. Pensando nisso, autores desenvolvem trabalhos visando esse
aprendizado consciente por parte do aprendiz. Na
Universidade Estadual de Londrina (UEL), professores de língua estrangeira
determinaram um local, uma sala devidamente equipada com vídeo, televisão,
aparelho de som, e também com livros, dicionários e revistas em pelo menos
três idiomas, francês, inglês e espanhol, intencionando que alunos do curso
de graduação pudessem freqüentá-lo para estudarem sozinhos. Esse centro de
estudos é denominado Centro de Auto-Acesso (CAA). Nesse centro de estudos são
desenvolvidos, por professores da área de língua estrangeira, projetos cujo
objetivo é auxiliar alunos interessados em língua estrangeira e que dispõe de
algum tempo para estudarem sem a ajuda de professores. Um desses projetos é o
PROJETO Otimização das Estratégias de Aprendizagem nas Habilidades Orais em
Espanhol. Através desse Projeto já foram realizados eventos de Pronúncia,
Gramática e Vocabulário com materiais específicos para cada tema. O
tema Vocabulário ainda está sendo abordado no evento “Estratégias de
Aprendizagem de Vocabulário em Espanhol”. Esse em especial, como o próprio
tema diz, trata do vocabulário. Inicia-se definindo ao aluno o que é
vocabulário, e num segundo momento apresenta exercícios que farão com que
esse aluno busque assimilar, através de estratégias próprias a resolução dos
mesmos. Entende-se
por vocabulário um conjunto de palavras de um mesmo idioma, pertencentes ou
não ao uso de uma região, a uma determinada atividade, etc. Nesse conjunto de
palavras estão inseridas as classes de substantivos, adjetivos, advérbios,
verbos, expressões e expletivos. Pode-se
admitir que se conhece uma palavra quando se é capaz de pronunciá-la com
facilidade, de escrevê-la corretamente, de reconhecê-la ao ouvi-la tanto
isoladamente como dentro de um contexto, como também ter facilidade de usá-la
quando necessitar. Sendo assim, importa não somente memorizar uma explicação
ou uma tradução, e sim saber utilizá-la quando o contexto exigir. Exemplo
disso há no uso das palavras que em língua estrangeira sempre vão juntas como
é o caso da expressão idiomática do espanhol: “Está loca de remate”. Um outro exemplo relacionado pura e
simplesmente ao vocabulário ocorreu recentemente numa aula de espanhol.
Durante a aula, depois de se explicar a matéria e de se dar o devido
embasamento teórico, a professora pediu aos alunos que produzissem pequenas
frases utilizando atividades que eles praticavam no dia a dia. As frases
deveriam ser feitas em espanhol. Uma das alunas utilizou o verbo hincar para estudiar. A professora perguntou a ela porque utilizou aquele
verbo e ela respondeu que em um curso de espanhol que havia feito a algum
tempo, lhe ensinaram que ambos tinham o mesmo significado. Com a ajuda de um
dicionário a professora, gentilmente, lhe mostrou a diferença das palavras.
Duas semanas depois a aluna trouxe para a aula uma apostila com uma lista
infindável de palavras e expressões idiomáticas entre as quais constava a
seguinte tradução: “ESTUDAR = Hincar el codo”, ou seja, “fincar os
cotovelos”, uma gíria que alude à posição do aluno enquanto estuda. Pode-se
observar nesse caso dois agravantes. Um deles é a questão de se trabalhar
palavras descontextualizadas, um outro é o método indiscriminado de tradução. O
referido exemplo comprova o perigo de se trabalhar palavras fora de um contexto.
Essa foi uma das preocupações do já citado PROJETO Otimização das Estratégias
de Aprendizagem nas Habilidades Orais em Espanhol no Centro de Auto-Acesso
(CAA). Ao se preparar a apostila que seria utilizada no evento sobre
vocabulário, especialmente, levou-se em consideração que o aluno ao ler
palavras dentro de textos diversos seria “obrigado” relacionar as
palavras entre si para compreenderem
o real significado fazendo inferências e relações de vocábulos, o que
propiciaria o aprendizado. Ademais, dominar um vocabulário específico implica
também saber conjugar os verbos, concordar os adjetivos, conhecer
determinados significados importantes e, principalmente, utilizar as palavras
de forma apropriada dentro de um contexto reconhecendo suas conotações sem
abusar delas. Também
quando se estuda, deve-se tomar cuidado, por exemplo, para não se
sobrecarregar com palavras “inúteis” priorizando sempre aquelas que irá usar com maior frequência. Isso a
princípio é muito importante pois, se não há uma seleção de vocabulário, o
aluno tentará assimilar um número muito grande de palavras quando na verdade
seu uso não será possível naquele momento, não faz parte da realidade. Isso
poderá causar desânimo no aprendiz. Essa
deve ser uma das preocupações do professor na escola mas, nesse caso, não há
professor então caberá ao aluno
preocupar-se com isso também quando estiver estudando. Com isso em mente, a
professora orientadora ao apresentar aos alunos que iam participar do evento,
pediu a eles que mesmo antes de iniciar a resolução dos exercícios,
verificassem toda a apostila, pensassem em como fariam para responder aos
exercícios de forma aleatória ou se seguiriam uma determinada sequência e
porque fariam dessa ou daquela maneira. Pediu a esses alunos, também, que ao
final da resolução da apostila, retornassem a ela suas opiniões acerca do
material e dos procedimentos que utilizaram para resolvê-la. Sendo
assim, é relevante que o aluno ao estudar se preocupe de uma maneira positiva
com as palavras que comporão seu vocabulário pensando quais vocábulos ou
grupos deles aprenderá primeiro e como dará continuidade a esse sistema e
porque fará assim. É
importante ressaltar que o aluno é curioso por natureza sendo assim, esse
aprendiz deve ser alertado para o já citado problema da tradução de palavras.
Isso deve ser dosado, principalmente por que as palavras dependendo do
contexto em que se encontram podem ter esse ou aquele significado. Não existe
um significado que seja exatamente perfeito e, portanto, pode variar dependendo da posição em que se encontrar
na frase. O que interessa ao evento é
saber se esse aluno fará uso positivo
do dicionário quando sentir realmente necessidade de utilizá-lo, uma vez que
todas as suas possibilidades de tentar descobrir o real significado de uma
palavra, inferência, dedução, associação com outra expressão do texto, se
esgotaram. Uma
outra maneira de se escolher palavras que serão úteis na língua é buscando
uma palavra genérica que designe muitas outras. Um bom exemplo é o termo em
espanhol herramienta que é um nome
genérico para martillo, alicate, e destonillador. Dessa maneira o aluno
poupará a si mesmo do “sofrimento” ao tentar elaborar frases ou mesmo um
texto. É
fundamental que o aluno compreenda que o vocabulário que ele possui é muito
importante, e que ele pode se pautar por esse conhecimento ao tentar se
comunicar. Não se deve desconsiderar o que se sabe em detrimento do que se
pretende aprender. Ao contrário, muitas palavras do vocabulário do aluno são
cognatas, e isso pode ser usado como inferência ao se aprender. O
aluno deve estar consciente quando estuda considerando os muitos fatores
envolvidos. Não deve ser algo feito sem muito critério, porém deve
considerar, entre outras coisas, a composição da palavra, seu significado
semântico, sintático e morfológico. A palavra é composta de forma, pronúncia
, escrita e conceito, seu significado. Se
o problema desse aprendiz for relacionado à forma é mais fácil detectar e
resolver. Mas se for de conceito, se torna mais difícil pois para se perceber
é necessário realizar exercícios de compreensão. No
que concerne à memorização das palavras recém aprendidas, podem ser
utilizadas algumas das estratégias que serão listadas a seguir. No entanto,
cabe ressaltar que cada aluno tem um estilo próprio e talvez não seja nenhuma
das que se apresentam aqui. Isso não é relevante, o importante é saber quais
técnicas ele usa e porque. ¨
¨ Memória
visual. Ë importante nesse momento a disposição física das palavras pois aos
alunos que utilizam essa memória, a visual, uma disposição confusa das
palavras poderiam lhe causar dificuldades para a assimilação. ¨
¨ O aluno
deve ter consciência que pode também utilizar a memória auditiva. Muitos têm
o hábito de ler em voz alta e isso facilita sua aprendizagem. Nesse caso os
exercícios propostos com a utilização das fitas é muito útil. O aluno, ao
freqüentar o CAA, terá a possibilidade de ouvir muitas vezes o mesmo
exercício gravado e aprimorar seu conhecimento. Um bom exemplo são os
exercícios da p. 15 da apostila de vocabulário. Essa atividade possibilita a
assimilação de vocabulário, maneiras de expressar gostos, e de como responder
a determinadas perguntas. 2- Escucha a Carmen, Marta, Miguel y Luis. ¿Qué
deporte/s van a practicar este fin de semana? Completa el cuadro:
3-Escucha otra vez el diálogo y completa: Miguel: ¿Qué vas a hacer este fin de semana, Carmen? Carmen: Pues voy a ir a la playa y voy a hacer surf.
Luego voy a jugar al voleibol. Marta: Yo también voy a hacer
surf._____________________________________ Carmen: ¿Vamos juntas? Marta: ______________________ y tú, Miguel, ¿qué
vas a hacer? Miguel: Voy a jugar el fútbol. Luis: Y yo voy a hacer yudo, hago yudo todos los
sábados por la mañana,____________ Miguel: Y por la tarde ¿qué vas a hacer? Luis: ________________________________. Miguel: ¿Quieres jugar al fútbol conmigo? Luis: ______________ y luego vamos a ver a Marta y
a Carmen. ¨
¨ Chamamos memória quinésica aquela em que o aprendiz depende da
escrita para que ocorra a memorização. Ao reler o que foi estudado, necessita
escrever pois, o movimento gráfico que faz é usado para a fixação visual. A
apostila de vocabulário apresenta exercícios que possibilitam ao aluno
assimilar dessa maneira. São atividades que dispõe de gravuras, textos
gravados acerca da matéria e exercícios concernentes a elas. ¨
¨ Outras
pessoas costumam inventar pequenas histórias com as palavras novas com as
quais tiveram contato. Por exemplo, ao aprender palavras como: casa, libro, podem criar sentenças
assim: Antes que salga de mi casa para
ir a la escuela, verifico se mi libro y mi cuaderno están juntos para no
olvidarme de nada. Etc. As atividades propostas na p. 18 da apostila
favorecem a esse tipo de estudo. Para que o aluno memorize as palavras
listadas ali ele pode criar frases ou pequenas histórias. 4- Construye pequeños diálogos, según los
ejemplos: 4.1- ofrece
a tu compañero §
§ ¿Un caramelo de menta? --Sí, gracias. §
§ ¿Quieres un caramelo de menta?
--No, gracias, los caramelos de menta no me gustan.
4.2- Pídele
a tu compañero §
§ Dame/ ¿me das? --Mira, es que está en el taller. §
§ Dejame/ ¿Me dejas? --Lo siento, es que está en el taller. §
§ ¿Me dejas el coche? --Sí, claro. §
§ ¿Me dejas el libro? --Sí, claro. / --Toma. / --Ahora te lo paso. §
§ Dame un poco de pan, por favor.
¨
¨ Outras
pessoas têm o hábito de agrupar por temas aquilo que pretende memorizar.
Separam as palavras que pertencem à escola, por exemplo, e memorizam-nas. Em
seguida fazem o mesmo com as que pertencem à sala, à cozinha, ao quarto etc. É
importante salientar, porém, que todo aprendizado necessita de revisão e reutilização até automatizar seu
uso. Ao
se preparar o evento sobre vocabulário, todos esses aspectos foram tidos como
relevantes. No material que foi preparado para os alunos o objetivo é a
função comunicativa. O
material foi composto de maneira que privilegia a compreensão oral. Não
dispõe de textos escritos, tudo está em fitas, de modo que o aluno deverá
estudar no CAA pois o material auditivo não deve ser retirado de lá. Isso
implica em o aluno criar sua forma pessoal de estudo, seus métodos próprios. A
apostila de vocabulário está dividida nas seguintes funções: comunicativas,
gostos e preferências, aceitar e recusar e expressar opinião. No campo
lexical se divide em alimentos, esportes lazer e vestuário. O
material foi produzido contemplando as Estratégias Metacognitivas. No
entanto, isso não significa que o aluno deva utilizá-las.. Como já salientado
anteriormente, o aprendiz possui estratégias individuais de memorização e
isso é importante. Estratégias
Metacognitivas: 1. 1.
A antecipação ou o planejamento 2. 2.
A atenção geral 3. 3.
A atenção seletiva 4. 4.
A auto-gestão 5. 5.
A auto-monitoração 6. 6.
A identificação de um problema 7. 7.
A auto-avaliação O
material, como já explicado, foi produzido intencionando que o aluno fosse
capaz
de compreender a dimensão do que
está envolvido ao se estudar. Ele deve entender que estudar sozinho acarreta,
a ele mesmo, a responsabilidade de avaliar-se. Os
exercícios de vocabulário aparecem sempre contextualizados. O aprendiz deve
explorar ao máximo o seu próprio potencial e tentar ir além da proposta da
apostila. Ele deve ainda, se lembrar de usar as estratégias para memorizar e
para aprender o que não sabia antes. Caso surjam dúvidas ele deverá saná-las
sozinho ou, se for o caso de não conseguir, apresentá-las no encontro
seguinte. As
estratégias Metacognitivas permitem que os alunos tenham contato com formas
de aprendizagem funcionais. Duas dessas maneiras estão presentes no material
em forma de exercícios os quais serão resolvidos pelos alunos. Um desses
exercícios está na p. 4 e é um bom exemplo de exercício com base na atenção
seletiva. Neste o aluno deverá fazer uma seleção de palavras retiradas de um
todo. A atenção estará voltada para elementos dispersos e não geral. Os
demais exercícios foram elaborados pensando em estimular os alunos a
“criarem’ saídas para suas dúvidas de vocabulário. Um exemplo é a atividade
nº 5 da p. 5, na qual o aluno é convidado a ouvir a fita com a gravação do
diálogo mas, para que ele consiga resolver os exercícios, deverá conhecer a
palavra cazadora por exemplo. Caso
ele não saiba, deverá buscar mecanismos para entender esse vocábulo. Poderá
inferir e compreender o diálogo, ou recorrer a outra fonte, como o dicionário
por exemplo. É um bom meio de verificação para o aluno testar conhecimento e
maneiras de adquiri-lo. 5- Escucha la conversación y contesta: 5.1- ¿Qué prenda de vestir quiere comprar José? 5.2- ¿A José le gusta la cazadora gris? 5.3- ¿Qué le parece a José la cazadora negra de
pana? 5.4- ¿Por que a José no le gusta la cazadora
verde? 5.5- A la madre le parece que la cazadora roja es
_________________________________y __________________________, pero José cree
que está __________________________. 5.6- ¿Cual prefiere José? 5.7- ¿Cuanto cuesta? 5.8- ¿Por que no la compran? 5.9- ¿Y a ti? ¿Te gustaria una cazadora marrón? ¡OJO! La cazadora en la región rioplatense se
llama campera, y en México y
América Central, chumpa. Conforme
destacado nesse trabalho, aprender vocabulário é de suma importância para a
comunicação mas não é tão fácil assim. É necessário que o aprendiz desenvolva
boas técnicas de estudo visando sempre o aprendizado e não somente absorver
conhecimento de palavras novas. A boa comunicação do aluno principiante
depende de uma boa escolha lexical, e sendo assim, é importante que ele tenha uma aprendizagem gradativa,
priorizando sempre aquelas palavras que mais utiliza e, depois sim, partir para o infindável universo lexical
que existe e que está a sua disposição. Referências
Bibliográficas
ALONSO, Encina. ¿Cómo
ser profesor/a y querer seguir siéndolo? Madrid: Edelsa, 1994. CYR. Paul. Les stratégies d’apprentissage. Paris, Clé International,
1998. Tradução de Rejane J. de Q. F. Taillefer. |
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