Notas:

(1) Parte deste artigo foi publicado em: HILDEBRANDO, Antonio. A letra e a cena: encenação do texto não-dramático. In: HILDEBRANDO, Antonio; NASCIMENTO, Lyslei; ROJO, Sara. O corpo em performance, Belo Horizonte: NELAP, FALE/UFMG, 2003. p. 17-29.

(2) STAIGER, 1975, p. 14.

(3) De acordo com Jiri Veltruski: “O drama é uma obra de literatura por direito próprio; não requer mais do que uma simples leitura para penetrar na consciência do público. Ao mesmo tempo, é um texto que pode, e na maioria das vezes pretende, ser usado como componente verbal da representação teatral. Mas algumas formas de teatro preferem ao drama textos líricos ou narrativos; o teatro entra em relação com a literatura como um todo e não apenas com o gênero dramático” (VELTRUSKI, 1978. p.164).

(4) UBERSFELD, 1981, p.14.
As traduções, feitas por mim, de trechos de edições estrangeiras virão marcadas (*) por um asterisco.

(5) RAMOS, 1999, p.15.
Para o aprofundamento de questões relativas à rubrica, leia-se RAMOS, 1999. Neste livro, o autor demonstra, tendo como base a análise de Cacilda!, de José Celso Martinez Correa, o papel das rubricas como poética cênica de textos produzidos por encenadores e conclui que, nestes casos, o plano das rubricas se torna “uma literatura que toma o cênico, ou o espetacular, como tema e como conteúdo" (p.166).

(6) SANTARENO, 1997, p.117.

(7) SILVA, 1973, p. 218.

(8) VICENTE, 1967, p. 159.

(9) PAVIS, 1999, p. 124.

(10) Não que a poesia e a narrativa sejam necessariamente fechadas, sem lacunas, mas não pressupõem, como no caso do drama levado à cena, a existência de outro elemento mediador que não seja o leitor.

(11) cf. p. 02.

(12) RYNGAERT, 1996, p. 25.

(13) ARISTÓTELES, 1981, p. 26.

(14) ROUBINE, 1998, p. 48.

(15) UBERSFELD, 1981, p. 15.

(16) DORT, 1977, p. 68.

(17) Por exemplo: o Bispo italiano Antonio Sebastiano Minturno, falecido em 1574, escreveu: “Poesia dramática é a imitação, para ser apresentada no teatro, de fatos completos e perfeitos quanto à forma e circunscritos na sua extensão. Sua forma não é a da narração; ela apresenta em cena pessoas diversas, que agem e conversam” (Apud PALLOTINI, 1988, p. 6). Ainda com relação a Minturno, que declarou ser “purificar a alma dos ouvintes, as paixões” o objetivo de toda poesia, esclarece Marvin Carlson que se atribui ao Bispo renascentista o “acréscimo de ‘emocionar’ à tradicional fórmula horaciana ‘instruir e deleitar’” (CARLSON, 1997, p. 42). Como se verá, a reação de Brecht ao teatro aristotélico se dirige muito mais ao que foi criado pelos “discípulos” do que à Poética do mestre.

(18) SZONDI, 1963, p. 14/15.

(19) ROSENFELD, 1985, p. 64.

(20) LESSING, 1964.

(21) BRECHT, 1982, p. 82.

(22) ESSLIN, 1978, p. 13-14.

(23) In ARISTÓTELES, 1981, p. 1.

(24) Quando Brecht se refere a um teatro literário, à literalização da cena, ele está propondo a utilização de títulos e explicações, espécie de notas de rodapé, a serem projetados em telões ou afixados no teatro durante o espetáculo.

(25) Na tradução do fragmento, o termo “engrenagem” poderia ser substituído por “aparato”, restringindo-se, assim, o sentido mais às condições técnicas para a realização de espetáculos. Optei pela tradução proposta por Fiama Hasse Pais Brandão pelas implicações ideológicas que, na minha opinião, se embutem no termo engrenagem. Brecht nada tinha contra o aparato teatral. A questão era a de quem detinha o controle de tal aparato. Na seqüencia do artigo, ele explica que o aparato desde que seja posto a serviço da construção da sociedade socialista, pode, na sua visão, ser útil para os criadores evitando que eles enveredem por questões “menores”.

(26) BRECHT, s/d, p. 36.

(27) O próprio Brecht, entretanto, se sentia bem “à vontade” para realizar sua leitura de textos de outros autores. A sua abordagem dos clássicos da dramaturgia e / ou a reelaboração e ressemantização de influências teatrais e literárias das mais diversas fontes era, pode-se dizer, “antropofágica”.

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Bibliografia

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