MOTIVOS
QUE (DES)
MOTIVAM O APRENDIZADO DE INGLÊS:
RELATÓRIO DO ESTUDO DE CASO EM UMA TURMA DO ENSINO MÉDIO
DA RE
Antônio
José Ferreira Neto
Mestrando em Estudos Lingüísticos
Este
estudo de caso é parte integrante do projeto ARADO cujo objetivo é
agrupar estudantes de pós-graduação,
professores da rede pública e estudantes de graduação para que em
conjunto reflitam sobre o processo de ensino e aprendizagem
a fim de identificar um problema, propor uma ação e doar
a alternativa encontrada.
O
estudo se deu em uma escola pública de ensino médio noturno da rede estadual.
A escola, doravante E.E., localiza-se
na zonal sul de Belo Horizonte, em uma região mista (comercial e residencial)
considerada, em termos do senso comum de
classificação socioecnômica, como
uma área de classe média.
Ao
primeiro contato três características da
E.E. corroboraram para a formação de uma idéia inicial a respeito dessa
instituição: havia uma placa que comunicava a participação da escola em um
programa de gerenciamento pela qualidade
total denominado 5S em parceria com
uma das mais conceituadas consultorias dessa tecnologia
administrativa; logo à frente,
aderido ao vidro da secretaria, um papel
ofício, em posição horizontal, comunicava
a inexistência de vagas naquela instituição;
após um lance de escadas, encontrava-se o
pátio central - extremamente limpo
e equipado para coleta seletiva de lixo, circundado,
ao alto, por diversas faixas que
destacavam os nomes dos alunos aprovados em vestibular, o curso e o nome da
instituição de ensino superior.
A
combinação dos elementos acima resultou em uma primeira impressão com relação
a essa escola que pode ser sintetizada assim: trata-se de uma escola
bem organizada, voltada para a preparação de alunos para o ingresso ao
curso superior e, por obter resultados satisfatórios em aprovações de
vestibulares é bastante procurada, razão
pela qual há dificuldades em se encontrar vagas.
Durante
a conversa inicial com a professora da turma que viria a constituir o objeto
deste estudo, fui perguntado sobre a impressão inicial que tive dessa instituição
de ensino. Prontamente, a respondi
tal qual postulei acima. Contrariando as minhas expectativas, a réplica à
minha resposta dizia que as coisas
naquele local não correspondiam ao
que pareciam ser. Como estávamos na sala dos professores, essa percepção
ecoou em tom de unanimidade entre os demais profissionais. Então, questionei a
inexistência de vagas como indício de grande demanda, referindo-me ao aviso na
secretaria: “não temos vagas em nenhum turno”.
A explicação foi de que havia ocorrido
uma situação de violência em uma outra escola que atende a
uma região próxima, o que poderia implicar a transferência de alunos
indesejáveis para a escola
E.E..
Além
dessa conversa inicial, outros fatores começaram
a aprontar as dificuldades relacionadas ao processo de ensino e aprendizagem.
Os professores encontravam-se em campanha de reajuste salarial em uma
fase na qual o diálogo com o
governo estava tenso. Houve algumas paralisações de
advertência em dias letivos e o tempo de aula foi reduzido para trinta
minutos por turno. Assim, a
disciplina Língua Inglesa era ofertada em dois dias com turnos de trinta
minutos por aula.
Até aqui, de certa forma,
os problemas levantados são comuns
a muitas instituições de ensino da rede pública no Brasil: temor a
violência, lutas sindicais por melhores condições de trabalho e falta
de recursos de modo geral. Mesmo diante desse cenário, a professora da turma
pesquisada buscava seu desenvolvimento profissional
participando de um curso de aprimoramento
em uma da mais conceituadas universidades do país.
Ao ser perguntada sobre o que lhe motivava, ela respondeu: “O
desespero”! E explicou esse “desespero”
como sendo um esgotamento de alternativas didáticas para se obter maior
participação dos estudantes. Ela informou que já havia
trabalhado em
atividades pedagógicas diversas,
tais como: utilização de música, filmes
e a criação de um workshop
sendo que os resultados obtidos não foram considerados
satisfatórios. Destacou que a turma a ser pesquisada era a melhor que ela
tinha, mas ainda assim não a
considerava boa.
Diante dessa dificuldade em especial, relativa ao
engajamento dos alunos nas atividades de sala de aula, e a partir da observação
da turma, ficou estabelecido como
sendo o objeto deste estudo de caso, a investigação das possíveis causas
que resultam na baixa adesão e participação dos alunos
nas atividades propostas
pelo professor. Presumi-se que
o não engajamento nas
atividades propostas é uma
conseqüência de fatores altamente relacionados à (des) motivação para o
aprendizado de língua inglesa.
Para DÖRNYEI (2001) o ponto comum entre as diversas definições
propostas na literatura sobre motivação é “a escolha por uma ação
particular, a persistência em mantê-la e o esforço despendido para fazê-la”.
(apud RESENDE, 2003: 45).
O
modelo de motivação proposto por
Zóltan DÖRNYEI e István OTTÓ
(1998) é composto por três fases,
a saber:
a fase pré-acional, a
acional e a pós-acional.
Sinteticamente, a fase pré acional
refere à motivação
inicial para que se dê o engajamento em um aprendizado de L2; a fase acional diz
respeito ao início da ação que foi impulsionada na fase pré-acional e,
finalmente, a fase pós-acional é
a em que “o aprendiz analisa a
forma como a ação ocorreu e forma atribuições causais para justificar sua
performance”. (RESENDE, 2003: 65). Neste
trabalho, a análise se concentrará na fase pré acional, para que se avalie
os objetivos e os tipos de motivação
que os aprendizes têm para se engajar
no aprendizado de inglês.
Dentre os tipos de motivação destacam-se: a motivação
intrínseca e extrínseca, do modelo de auto-determinação
de DECI & RYAN (1985) e a motivação integrativa e instrumental, do
modelo de GARDNER (1985). A
motivação intrínseca é “algo
que as pessoas fazem por razões próprias e para satisfação interna”,
conforme ERMAN (apud RESENDE 2003: 49). A motivação extrínseca, segundo
VALLERAND, “envolve a performance
de um comportamento como um meio para atingir um fim , ou seja, para receber uma
recompensa extrínseca ou para evitar uma punição”.
(apud. RESENDE, 2003: 49). A motivação
com orientação integrativa e com orientação instrumental são definidas
por GARDNER (1985):
“
‘A orientação integrativa se refere a uma disposição positiva em
relação ao grupo de falantes da L2 e ao desejo de interagir com eles, até
mesmo se tronar similar aos membros valorizados desta comunidade’ (GARDENR
& LAMBERT, 1959: 271). A orientação instrumental
é a contraparte utilitária da orientação integrativa, referindo-se
aos ganhos pragmáticos potenciais advindos da proficiência na L2, tais como
conseguir um melhor emprego ou um melhor salário”.
(apud RESENDE,2003:56).
Resumidamente, o
modelo de DÖRNYEI (2001) será tomado como base
para que, concentrando-se na fase pré-acional, na qual
“o estabelecimento de um objetivo é a primeira etapa antes que uma ação
possa ser iniciada” (RESENDE, 2003:
62), seja possível identificar
esse objetivo. Afinal, é
a partir desse objetivo que se dará o impulso para a ação. Sem a
definição desse objetivo não haverá motivação para agir (Fase Acional)
o que poderia explicar
a baixa adesão às
atividades.
Como este modelo permite
estudar “a influência das
instituições e contextos sociais sobre
o grau de motivação do aprendiz” (RESENDE, 2003: 66),
serão considerados nesta análise alguns fatores externos à sala de
aula que possam ajudar a compor, pelo menos em parte, o
cenário social no qual se encontram os alunos da turma pesquisada.
Primeiramente,
realizou-se uma observação
sistemática das aulas, registando-as por meio de gravações de áudio e notas de campo:
uma descrição detalhada da
atividade (tema, tópicos abordados e objetivos); a forma como tal
atividade é introduzida, proposta ou
negociada com os estudantes; a reação imediata
ao início da atividade (número de alunos que se retiram da sala); a
adesão no desenvolvimento atividade
(participação); e a apreciação
final do professor.
Esses dados compõem a visão
inicial do processo de ensino e aprendizagem da turma em questão.
Em linhas gerais, a sondagem de conhecimentos prévios,
as explicações, instruções
e todas as expressões orais do professor
se dão em língua
portuguesa. As atividades são em
sua notória maioria voltadas para a
leitura instrumental em língua inglesa, objetivando-se verificar a compreensão
de textos escritos e de músicas através de expressão oral ou escrita
por parte dos alunos também em língua portuguesa.
Assim, as atividades contemplavam, de certa forma, a heterogeneidade da turma no que diz respeito aos diferentes níveis de
conhecimento de inglês sem, contudo, delinear uma metodologia ou
terem uma finalidade específica. Em outras palavras,
não se tratava, por exemplo, de aulas com o propósito de uma preparação
ostensiva para o vestibular, tampouco
aulas para aquisição de L2.
Entretanto, é
possível aventar a hipótese de
que uma análise dos objetivos, interesses e perfil sociocultural dos alunos
poder vir a fornecer dados objetivos a partir dos quais
se possa (re)formular as
atividades com temas e recursos direcionados às especificidades do grupo,
aumentando, assim, a probabilidade de adesão
por parte desses alunos.
Com o propósito de identificar o perfil sociocultural dos
estudantes observados bem como para conhecer seus objetivos específicos
com relação ao aprendizado de língua
inglesa, foi utilizado um questionário respondido anonimamente.
Para verificar o
interesse imediato pelo conhecimento de língua inglesa obtido na trajetória
desses estudantes até a conclusão do ensino médio, foi perguntado o que eles
fariam imediatamente após o término dessa etapa escolar.
Os alunos que prestariam vestibular
somados aos que buscariam um curso profissionalizante constituem a grande
maioria da turma totalizando o
índice de 90%.
GRÁFICO 1 – Distribuição percentual dos estudantes de acordo com
seus objetivos ao término do
ensino médio.
Com
o intuito de avaliar o tipo de atividade que desperta maior interesse e,
concomitantemente, identificar gostos e preferências, foi dirigida uma questão
sobre quais os tipos de atividades os alunos julgam achar mais eficiente para o
seu aprendizado. Nas respostas que envolviam
músicas e filmes solicitou-se que fossem citados artistas e gêneros
respectivamente. A síntese
das respostas estão representadas no gráfico que se segue:
GRÁFICO 2 – Relação dos tipos de atividades
por ordem de preferência.
Um outro aspecto abordado diz respeito ao contato com a língua
inglesa fora do ambiente escolar. Um pouco menos da metade da turma (46.7%)
respondeu ter contato com a língua
inglesa. Desses, a grande maioria atribuiu esse contato a músicas e filmes. Os
demais (52.3%) alegaram não ter nenhum tipo de contato com a língua inglesas
em atividades extra escolares.
Um dos fatores que explica, em parte, a questão acima e,
concomitantemente, contribui para a
formação do perfil socioecônomico desses alunos é o exercício de atividade
profissional, que é bastante comum
em se tratando de estudantes do turno da noite. Para tanto, perguntou-se
se os alunos exerciam alguma atividade remunerada, qual a atividade e
quanto tempo do dia era dedicado a ela. Boa parte dessa turma (61.9%) trabalha
durante o dia. Dentre os que
trabalham, 84,6 % informaram ter
jornadas acima de nove horas por dia nas
seguintes profissões: empregado doméstico, babá, soldado do exército,
florista, captador de imóveis, auxiliar de costura, office boy, manutenção de
computador e servidor público.
Completando
o perfil social, perguntou-se o que os alunos julgam ser os principais problemas
da região onde moram. A violência liderou a lista de dificuldades, sendo o
problema citado por 44% dos estudantes. Em
segundo lugar ficou a infra-estrutura (saúde e educação) com 17%. Em
terceiro, com 14% das respostas ficou o baixo nível cultural dos moradores,
seguido de problemas com drogas (5%) e poluição sonora com os mesmos 5%. O
restante respondeu apontando o desemprego (5%), a corrupção(5%) e os baixos
salários (5%).
O
do perfil da turma objeto deste estudo pode ser assim formulado: trata-se de
jovens e adolescentes pertencentes a classes
sociais de baixa renda, residentes da região periférica, atuantes no mercado
de trabalho em posições que
requerem pouca qualificação.
Ocupam-se da atividade profissional em
períodos superiores a 08 horas diárias, o que
implica restrição de tempo para o envolvimento com tarefas
extra-classe. A maioria informou não ter contato com a língua inglesa fora do
ambiente escolar e , dentre os que tem, esse contato se limita a filmes e músicas.
Retomando
a fase pré-acional do modelo de motivação de DÖRNYEI (2001)
para identificar os tipos de motivação
a partir dos dados coletados, pode-se dizer que
a orientação instrumental é
preponderante na turma em análise uma
vez que o desejo de aprender
inglês é um instrumento para se atingir outros objetivos (vestibular, ganhos
profissionais, etc.) em detrimento
da orientação integrativa. A orientação integrativa foi considerada
uma hipótese remota já que os alunos não mencionaram nenhum tipo de contato
ou desejo de interação com falantes de inglês, o que pode ser explicado pelo pouco ou nenhum estímulo para
tal, dada as limitações de recursos desses estudantes. RESENDE (2003:58)
mostra que a orientação integrativa é rara no Brasil
devido não só a falta de contato com
falantes nativos, mas à dificuldade de recursos como o acesso à
internet em escolas públicas.
Não
sendo possível ou viável o contato com falantes nativos, segundo RESENDE
(2003: 58-59): “a relação que criam em
referência à língua é influenciada pela relação com o seu professor, que
naquele momento é o falante que o aluno conhece”, porém, conforme descrito
na coleta de dados, as aulas são
em língua portuguesa o que elimina a possibilidade de criação dessa referência.
Deste modo a orientação instrumental
é o tipo de motivação que prevalece.
Ainda
com relação aos tipos inicias de motivação que um aprendiz
da escola tem para aprender inglês e, observando os dados obtidos nesta
pesquisa, pode-se afirmar que do
ponto de vista da teoria da
autodeterminação de DECI &
RIAN (1985), a motivação desses estudantes é extrínseca já que, além das ações
serem orientadas para atingir uma finalidade (vestibular/ganhos profissionais),
a escola não oferece em sua grade curricular a opção de alguma outra língua,
como o espanhol, por exemplo, que constituiria
uma alternativa igualmente contemplada no vestibular. BROWN (apud RESENDE, 2003: 60) “ ‘argumenta que
na escola é possível perceber comportamentos extrinsecamente motivados
, já que’ o
curriculum escolar é ditado pelas instituições (algumas vezes,
politicamente influenciados)...”
Uma vez identificados os tipos inicias de motivação como
sendo extrinsecamente motivados e
instrumentalmente motivados, passa-se
a observar como essa abordagem teórica
pode ajudar a explicar a baixa adesão
e participação dos alunos nas
atividades propostas pelo professor, pois, conforme estabelecido como
objeto deste estudo, presumi-se que o
não engajamento nas atividades
propostas é uma conseqüência
de fatores altamente relacionados à (des) motivação para o aprendizado de língua
inglesa.
Para
GARDER (apud RESENDE, 2003: 60) “alunos extrinsecamente motivados ou
instrumentalmente motivados não se envolvem tanto no seu aprendizado como os
intrinsecamente motivados...” Apesar
de não se ter pesquisas voltadas
para explicação desta constatação, RESENDE ( 2003, p. 60) justifica esse
argumento:
“O
aluno instrumentalmente motivado, ao entrar em aula, depara-se com os sistemas
de classificação impostos pela escola e que se chocam com os valores que ele
possui. Neste caso, o aluno pode estar negando sua própria vontade e se forçando
a aprender uma língua que lhe é imposta. Ao fazer o que não gosta, o aluno não
se envolve e não aprende. O sentimento de fracasso advindo daí concorre mais
uma vez para motivação negativa, afastando ainda mais o aluno do
aprendizado”.
Optou-se
pela classificação de
orientação instrumental como sendo o tipo de motivação predominante na turma
pesquisada devido, principalmente,
aos dados obtidos através do questionário no qual 61% dos alunos responderam que iriam prestar vestibular. Por
essa razão, supõe-se que seria este o objetivo principal para que se dê o
engajamento no estudo de inglês.
Entretanto,
há que se considerar que o ato de se responder um questionário constitui um
evento discursivo, ou seja uma instância de uso da linguagem .
Nos termos da Análise
Crítica do Discurso (ACD), o uso da linguagem é visto como uma prática
social. Segundo Fairclough, (apud Magalhães, 2001: 33)
“o uso da linguagem é formado socialmente, mas também forma
socialmente...” e ainda com relação ao uso da linguagem, Fairclough
mostra que ele é
simultaneamente constitutivo de: “ (i) identidades sociais, (ii) relações
sociais e (iii) sistema de conhecimento e crença”.
No caso em estudo, correspondem às identidades sociais os sujeitos
pesquisados, na seguinte dimensão: alunos do terceiro ano do ensino médio em
uma escola pública estadual (instituição). Esses sujeitos respondem, por meio
de um questionário, a um sujeito pesquisador
vinculado a uma universidade pública (instituição). Nota-se, então, a
representação das relações sociais entre os sujeitos e as instituições que
os integram. Contemplando o sistema de conhecimento e crença, poderia se dizer
que quase como um discurso de doxa,
na nossa sociedade o que
se espera de um estudante que conclui o ensino médio é que ele se ingresse no
ensino superior. Desse modo, a opção
pelo vestibular como resposta ao questionário pode ter
sido automática, noutras palavras, um reprodução do discurso
dominante. Duas constatações reiteram essa possibilidade: não se observou
nenhuma outra menção ao vestibular nas interações entre esses estudantes
(conversas de corredor, perguntas ao professor, etc);
e, dos 36 nomes exibidos nas
faixas de aprovados em vestibular, somente 6 foram para universidades públicas.
A permanecia em universidades particulares pode ser inviável para a maioria
desses alunos.
Se
assim for, a possibilidade de haver uma motivação de orientação instrumental
estaria descartada restando somente a motivação extrínseca: os alunos são
obrigados a cursar inglês para que possam concluir o ensino médio.
Nesse cenário, dificilmente os
estudantes se envolverão nas
atividades pedagógicas, pois não têm motivos de fórum íntimo para fazê-lo.
Uma alternativa seria concentrar esforços no sentido de se pensar atividades
que estejam voltadas para a motivação no seu sentido dicionarizado : s. f. 1.
Ato de motivar. 2. Exposição de motivos. 3. Psicol. Espécie de energia psicológica
ou tensão que põe em movimento o organismo humano.
Para
aumentar as possibilidades de ampliação ou manutenção
da motivação inicial do aluno, RESENDE
(2003: 61) aponta a utilização
de estratégias que mascarem o poder do professor e o compartilhe com os alunos,
bem como as que transformem a
“natureza compulsória da
aprendizagem de L2 em atividades prazerosas para o aluno”. (grifos meus).
À
guisa de conclusão, este estudo procurou
mostrar que o baixo envolvimento dos alunos com as atividades propostas
pelo professor se deve, principalmente, ao tipo de (des) motivação que esses estudantes possuem para se
engajar no estudo de língua inglesa. A
classificação dos tipos de motivação inicial em motivação extrínseca
apoiou-se, sobretudo, no fato dos sujeitos pesquisados não terem como optar por
uma outra língua que não a inglesa, caracterizando assim o aspecto compulsório
do aprendizado de L2. Já a classificação da motivação com orientação
instrumental adveio de respostas do questionário
quanto a importância que
seu deu ao aprendizado do inglês para
aplicações pragmáticas como a melhoria profissional e a realização de
vestibular com a ressalva de que, baseando-se em algumas categorias da ACD,
aventou-se a possibilidade de que o vestibular pode não ser um objetivo efetivo
e sim um resposta orientada pelo discurso hegemônico.
Procurou-se
apontar algumas alternativas, porém,
como conclusão deste trabalho fica uma questão para anteceder o
planejamento das atividades: o que
fazer para motivar esses alunos ?
BROWN, James & RODGERS, Theodore S. Doing Secound language research. Oxford: Oxford University Press,
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DÖRNYEI, Zóltan. Teaching and
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NUNAN, David. Research methods in
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Liliane Assis Sade. Querer é poder, querer e poder, querer sem poder: a motivação
para o aprendizado de inglês na escola pública sob uma perspectiva semiótica
social. 2003. 240 f. Dissertação
(Mestrado em Lingüística Aplicada) – Faculdade de Letras, Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte.